Brasil não terá oferta de etanol suficiente para suprir demanda do mercado e precisará construir novas usinas, diz CEO da Raízen
FONTE: CPG
Já pensando no futuro, o executivo da Raízen faz alerta para uma possível falta de etanol no Brasil e aposta na construção de novas usinas para garantir que tanto a indústria automotiva, quanto demais indústrias que utilizam o etanol, não passem por maiores transtornos
Com o aumento da demanda por etanol em diversos setores, mesmo que haja produção expressiva, existe a possibilidade de que o Brasil não consiga ofertar o combustível daqui a alguns anos. De acordo com Ricardo Mussa, CEO da Raízen, isso levará à necessidade de construção com urgência de novas usinas produtoras de etanol.
Etanol aplicado em outros setores
Ricardo Mussa relatou que uma boa parte da produção de etanol da Raízen não é destinado à carburantes, mas sim para uso industrial, já que com a onda verde se instalando com força no mundo todo, a demanda aumentou para outros setores, principalmente para a indústria farmacêutica. Então, lá é aplicado o etanol, bem como nas indústrias de plásticos e químicos.
Mas para que seja possível suprir a crescente demanda por etanol, a alta produtividade da cana-de-açúcar (principal matéria-prima do etanol) é de extrema importância. O CEO da Raízen lembrou também do etanol de segunda geração – um tipo de etanol oriundo de fermentação controlada e da destilação de resíduos vegetais, tais como bagaço de cana-de-açúcar, residuais da beterraba, trigo ou do milho – que poderá aumentar a produção do biocombustível em cerca de 50%, sem o aumento de área.
Empresas da Índia estão em busca do etanol de segunda geração
Algumas empresas indianas tem procurado a Raízen para adquirir a tecnologia do etanol de segunda geração, de acordo com afirmações de Ricardo Mussa. O CEO da Raízen falou durante o evento Credit Suisse que a Raízen pode exportar o produto e sua tecnologia à essas usinas e empresas indianas.
O executivo afirmou ainda que a empresa possui uma planta de etanol 2G que já está em pleno funcionamento, além de outras que estão em construção. Mussa explicou que a tecnologia permite um aumento de 50% da produção, sem a necessidade de área extra.
Se tratando de valores, Mussa destaca que os preços são bem mais vantajosos devido as diferentes classificações, já que esse biocombustível é classificado como avançado, por não ser produzido a partir de plantas e sim de residuais. O CEO da Raízen respondeu aos questionamentos sobre concorrência entre biocombustíveis e alimentos, dizendo que a cana-de-açúcar atualmente ocupa menos de 1% do território brasileiro, por ser uma planta com enorme densidade.
Apostas na nova geração de etanol
Mussa acrescentou também que além do Brasil, muitos outros países poderão apostar nessa transição energética a partir do etanol, não somente no ramo de eletrificação de veículos, que também está em alta.
Os principais países, segundo o executivo, são Índia e Tailândia, que possuem grande produção de cana-de-açúcar. Ele acredita que alguns países da África também podem adotar o biocombustível muito antes do veículo elétrico. De qualquer forma, novas usinas surgirão para suprir as necessidades que poderão ser enfrentadas futuramente.