Investimento global em óleo e gás cresce em 2022 e Brasil se destaca

FONTE: Valor Econômico

A Rystad Energy prevê aportes de US$ 628 bilhões na indústria petrolífera este ano

Os investimentos globais em petróleo e gás devem crescer 4% em 2022, em relação a 2021, de acordo com estimativas da Rystad Energy. Ao todo, a empresa norueguesa de pesquisa e inteligência de mercado do setor de energia prevê aportes de US$ 628 bilhões na indústria petrolífera este ano, US$ 26 bilhões a mais que o registrado no ano passado, à medida que as companhias se recuperam dos efeitos da pandemia. A expectativa é que os investimentos continuem em alta em 2023 e 2024 e que o Brasil mantenha a posição de principal mercado de plataformas flutuantes (FPSOs) do mundo.

De acordo com a Rystad, a América Latina responderá por 24% de todos os projetos de produção em águas profundas a serem sancionados neste ano, no mundo, alavancada por Brasil e Guiana. A região será o grande destaque nesse quesito, ao lado da Europa, que também responderá por 24% do total de projetos aprovados no offshore. A Rystad estima que existam cerca de 80 projetos globais, num valor de US$ 85 bilhões, na carteira das petroleiras para 2022.

Em 2022, previsão é que o Brasil mantenha liderança no mercado de plataformas flutuantes (FPSOs) no mundo.

No Brasil, a Petrobras, principal operadora do país, já anunciou que pretende aumentar os investimentos a partir deste ano. O orçamento para 2022 é de US$ 11 bilhões, ante os US$ 10 bilhões originalmente previstos para 2021. Os aportes da estatal brasileira representam cerca de 1,75% do orçamento global estimado pela Rystad para o ano. O foco dos investimentos da Petrobras para 2022 está no segmento de exploração e produção, que absorverá 80% dos recursos. Dentre os principais projetos previstos para o ano está a entrada em operação, no primeiro trimestre, do FPSO Guanabara, a primeira unidade do sistema de produção definitivo do campo de Mero, no pré-sal da Bacia de Santos. Parte dos investimentos será direcionada também para o desenvolvimento da carteira robusta de projetos da petroleira para os próximos anos. Ao todo, a Petrobras prevê 14 plataformas para 2023-2026.

A Enauta, por exemplo, também pretende definir neste ano o projeto definitivo de Atlanta, no pós-sal da Bacia de Santos. A petroleira espera tomar, no primeiro trimestre, a decisão final sobre o investimento. Em dezembro, a empresa assinou uma carta de intenções com a Yinson para conversão da plataforma que operará na concessão. A embarcação terá capacidade para produzir 50 mil barris/dia.

Impulsionado pela Petrobras, o Brasil respondeu por doze dos 24 novos FPSOs contratados no mundo entre 2019 e 2021, segundo a Rystad. Para 2022, a previsão é que o mercado brasileiro absorva três das dez plataformas a serem contratadas. Embora haja uma previsão de redução no ritmo de contratações, o Brasil se mantém como principal destino dos novos FPSOs.

De acordo com a Rystad, os investimentos globais em gás natural serão os destaques em 2022. A exploração e produção de gás e o setor de gás natural liquefeito (GNL) devem demandar US$ 149 bilhões, alta de 14% em relação a 2021. A expectativa é que o montante ainda se mantenha abaixo dos patamares pré-pandemia e só volte a ultrapassar o orçamento de 2019 em 2024, para quando estão previstos US$ 171 bilhões no setor.

Os investimentos em exploração e produção de petróleo, por sua vez, devem aumentar 7%, de US$ 287 bilhões em 2021 para US$ 307 bilhões neste ano. O setor, diz a Rystad, deve enfrentar um período desafiador frente à transição energética. A previsão é que a demanda por petróleo provavelmente atinja o pico em cinco anos, limitando o investimento offshore a cerca de US$ 180 bilhões em 2025. A preocupação no setor, segundo a Rystad, é quanto aos desafios de execução relacionados à pandemia e ao aumento dos custos inflacionários do aço, por exemplo.

Já os aportes em midstream e downstream (que envolve desde as atividades de escoamento e transporte até o refino e distribuição de combustíveis) cairão 6,7%, para US$ 172 bilhões neste ano.

“A disseminação generalizada da variante ômicron inevitavelmente levará a restrições de movimento no primeiro trimestre de 2022, limitando a demanda de energia e a recuperação nos principais setores consumidores de petróleo de transporte rodoviário e aviação. Apesar das interrupções contínuas causadas pelo covid-19, no entanto, as perspectivas para o mercado global de petróleo e gás são promissoras”, escreveu o chefe de pesquisa de serviços de energia da Rystad, Audun Martinsen.

Além disso, a Rystad pontua que, à medida que a transição energética avança, as petroleiras aumentarão os investimentos em eólica offshore – que absorveu quase US$ 50 bilhões em 2021 e que, até 2025, deve receber US$ 70 bilhões por ano.