Deloitte estima recursos de R$ 500 bilhões até 2030

FONTE: Valor Econômico

Destaque para as indústrias petroquímica, de petróleo e gás e de siderurgia

As empresas que atuam no Brasil já anunciaram mais de US$ 500 bilhões em investimentos até 2030 com destaque para as indústrias petroquímica, de petróleo e gás e de siderurgia, de acordo com um levantamento preliminar da Deloitte.

Para 2022, a perspectiva é que o volume de alocação de recursos seja maior que em 2021, uma vez que as incertezas em relação à pandemia tiveram forte impacto no planejamento das companhias no ano passado, diz Giovanni Cordeiro, economista-chefe da consultoria.

O estudo mostra que, entre as quase 500 empresas de diferentes setores e regiões do país que participaram da pesquisa, 59% delas pretendem investir em máquinas e equipamentos, 41% projetam alocar recursos para novos pontos de venda, 31% planejam ampliar as atuais unidades de produção e 21% citam investir em novas unidades.

Segundo Cordeiro, independentemente do cenário econômico e político mais conturbado, com aumento de casos de covid-19 e alta de juros, as companhias devem continuar com investimentos para se manter competitivas.

Setores regulados, como energia e saneamento, ou que têm produtos dolarizados, como mineração e siderurgia, serão mais resistentes às instabilidades e prometem grandes dispêndios (ver acima). Para as empresas que estão fora desse universo, a postura terá que ser mais defensiva, com os desembolsos mais significativos indo para ganho tecnológico, num ambiente de maior custo de dívida com a alta de juros e com as incertezas políticas como pano de fundo.

“Há seis meses imaginávamos que seria um ano bem melhor de fundamentos econômicos, mas hoje nossa percepção é de que vai ser um cenário mais duro, de crescimento econômico baixo ou nulo”, diz o diretor-executivo da Fitch Ratings, Ricardo Carvalho.

Diego Ocampo, analista da S&P Global Ratings, também vai na mesma linha, destacando a deterioração do cenário macroeconômico. “O que estamos vendo em termos de decisões de investimento é muita cautela, considerando que o PIB deva crescer muito pouco”, diz.

O ano eleitoral trará desafios, diz Anderson Dutra, sócio-líder de óleo e gás da KPMG, já que há expectativa de redução dos movimentos recentes de abertura de capital e de uma desaceleração no processo de desinvestimento da Petrobras.

Em compensação, o ano poderá ser uma oportunidade para o aumento da eficiência operacional com o uso de análise de dados, inteligência artificial, gêmeo digital, entre outras ferramentas digitais, o que poderá se refletir em novos modelos de negócio.

Cibersegurança será evidentemente uma área que também vai exigir a atenção dos executivos e boa parte dos investimentos em tecnologia.

“O assunto deixou de ser um tema exclusivamente [dos departamentos] de tecnologia e passou a constar da agenda dos presidentes e diretores financeiros das empresas”, diz Maurício Saad, sócio-líder de consultoria de transformação digital da EY para o Brasil e América Latina.

“A crise provocada pela pandemia desencadeou uma aceleração na transformação digital e potencializou a demanda por novas tecnologias”, diz Cordeiro, da Deloitte, reforçando a importância da cibersegurança.

Um levantamento da Deloitte com 122 empresas, entre fevereiro e março de 2021, mostrou que maioria fez investimentos para prevenção de ataques cibernéticos e existe a percepção de que a aplicação de recursos nessa área e em privacidade de dados podem alavancar os negócios.

As chamadas práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) devem continuar ganhando espaço nos orçamentos em 2022. Cardoso, da Deloitte, observa que empresas estão mapeando onde poderiam rever a aplicação de recursos para se adequar às três letras. “Seja na busca por um novo parceiro de negócios ou na atualização do parque fabril para reduzir emissões, o ESG está no radar”, diz.