UE vai destinar € 900 milhões para financiar hidrogênio verde pelo mundo
FONTE: EPBR
Estratégia é um caminho para UE reduzir emissões em pelo menos 55% até 2030, com uso de H2V no transporte, energia e indústria.
A Comissão Europeia aprovou nesta segunda (20) a liberação de € 900 milhões para financiar projetos de produção de hidrogênio verde (H2V) em países fora da União Europeia (UE).
Os recursos fazem parte da estratégia da Alemanha para o hidrogênio, que prevê um total de investimentos de € 2 bi em parcerias internacionais com países onde o H2V pode ser produzido com menor custo, a exemplo do Brasil. No total, o pacote alemão vai destinar € 9 bi para o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde.
A estratégia é um caminho para a UE reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030, substituindo os combustíveis fósseis por hidrogênio limpo, no transporte, energia e indústria.
“Este esquema alemão de € 900 milhões apoiará projetos que levem a reduções substanciais nas emissões de gases de efeito estufa, em linha com os objetivos ambientais e climáticos da UE definidos no Acordo Verde”, disse a vice-presidente da Comissão, Margrethe Vestager.
Segundo Vestager, a proposta é contribuir para atender a uma demanda crescente de hidrogênio renovável na União Europeia, apoiando o desenvolvimento desta fonte de energia em zonas do mundo onde atualmente ela não é explorada.
Como parte dos € 2 bi, a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) anunciou em outubro € 34 milhões para projetos de H2V no Brasil.
Chamada H2 Brasil, a iniciativa vai disponibilizar os recursos ao longo dos próximos dois anos, incluindo € 5 milhões para construção de uma planta piloto de eletrólise na Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais.
Como vai funcionar o programa internacional
O plano alemão pretende realizar leilões internacionais para fornecimento de H2V nos próximos dez anos, para atender à demanda não só da Alemanha, como também da UE pelo combustível – que deverá aumentar significativamente nos próximos anos.
Os preços serão determinados do lado da compra e da venda por meio de um modelo de leilão duplo, em que o preço de oferta mais baixo para a produção de hidrogênio e o preço de venda mais alto oferecido pelo consumidor receberão um contrato cada um.
“A concepção do regime permitirá que apenas os projetos mais eficazes em termos de custos sejam apoiados, reduzindo os custos para os contribuintes e minimizando possíveis distorções da concorrência”, explicou Vestager.
O processo será gerenciado por uma entidade intermediária responsável por celebrar os contratos de compra de longo prazo do lado da oferta (produção de hidrogênio verde) e contratos de revenda de curto prazo do lado da demanda (uso do hidrogênio verde).
Necessidade de incentivo
De acordo com a Comissão Europeia, o auxílio é necessário para viabilizar os projetos, que não conseguiriam sair do papel sem apoio público.
“Isso ocorre porque os preços do carbono e outros requisitos regulatórios não internalizam totalmente os custos da poluição”, disse a Comissão em nota.
O hidrogênio verde ainda é significativamente mais caro do que o hidrogênio cinza (de origem fóssil), largamente utilizado.
Em média, o quilo do H2V custa US$ 6, chegando a quase US$ 9/kg em algumas regiões do mundo, segundo levantamento da PWC, enquanto o cinza tem custo de produção entre US$ 0,70 e US$ 2,20/kg.
Na semana passada, a Comissão da UE também apresentou um pacote de novas regras para facilitar o acesso de hidrogênio de baixo carbono e biometano à rede de gás existente, eliminando as tarifas das conexões transfronteiriças e reduzindo as tarifas nos pontos de injeção.
Para criar mais espaço para gases limpos no mercado europeu, os legisladores também propuseram que os contratos de longo prazo de gás natural não sejam prorrogados para além de 2049.
“A Europa precisa virar a página sobre os combustíveis fósseis e buscar fontes de energia mais limpas. Isso inclui a substituição do gás fóssil por gases renováveis e de baixo carbono, como o hidrogênio”, disse o vice-presidente executivo para o Acordo Verde Europeu, Frans Timmermans, na ocasião.