Hidrogênio verde de Furnas em Itumbiara demanda R$ 45 mi em investimentos

FONTE: Brasil Energia

Projeto de P&D inaugurado na semana passada conta com usina solar de 1 MWp e célula com eletrolisador

Furnas inaugurou na semana passada uma central para estudos de hidrogênio verde na hidrelétrica de Itumbiara, em Goiás. O projeto será analisado no âmbito do programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Aneel, com investimentos previstos de R$ 45 milhões.

O objetivo é testar o armazenamento de energias sazonais e intermitentes, bem como a inserção da modalidade no Sistema Interligado Nacional (SIN).

Na primeira etapa do projeto, cuja conclusão está prevista para fevereiro, foi instalada uma usina solar de 1 MWp de capacidade instalada, dos quais 200 kWp são oriundos de painéis flutuantes sobre o reservatório e 800 kWp instalados em solo.

A energia gerada alimenta um eletrolisador que produz o hidrogênio a partir de processo físico-químico com a água. O hidrogênio verde é armazenado em forma de gás, num tanque com capacidade de 900 m³ a uma pressão de 27 bar.

Além do hidrogênio, o projeto também pesquisará o armazenamento eletroquímico, em baterias de lítio, sistema com eficiência em torno de 94%.

Furnas ressaltou que as baterias armazenam por pouco tempo, afirmando que elas são ainda uma tecnologia muito cara. Por outro lado, o armazenamento em hidrogênio tem maior duração, mas a eficiência é reduzida – em torno de 35% – por conta das perdas na eletrólise e na reconversão para eletricidade.

“A UHE Itumbiara foi escolhida para acolher o projeto por apresentar bons índices para geração solar e por deter um reservatório de acumulação adequado para a instalação de painéis fotovoltaicos flutuantes”, afirmou a estatal, em comunicado.

Testes

Os testes em Itumbiara avaliarão a tecnologia do eletrolisador, o custo da manutenção, a durabilidade dos equipamentos, a perda de eficiência decorrente de desgastes do sistema, a qualidade da energia armazenada e o tempo de resposta de inserção no SIN, entre outros aspectos.

“Essas análises poderão gerar informações essenciais ao desenvolvimento de projetos de grande porte”, observou a estatal. Mesmo após a conclusão da primeira etapa, a central continuará servindo a estudos continuados sobre hidrogênio verde.

A energia gerada será injetada no SIN, via subestação de Itumbiara, e servirá para abastecer serviços auxiliares dahidrelétrica, como iluminação, ventilação e tomadas.

Para o projeto, Furnas contou com a participação das empresas Base-Energia Sustentável e PV Solar, com uso de 10 inversores solares da SMA – oito na central em solo e dois na flutuante. Os painéis solares (2.564) são da Trina Solar e o banco de baterias, da Weg. Eletrolisador e célula a combustível são da Hydrogenics, entre outros equipamentos.

Apoiam o estudo a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade de Campinas (Unicamp), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Goiás (Senai-GO), a Universidade de Bradenburgo (Alemanha) e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel).

Um outro projeto envolve a análise do uso do hidrogênio como combustível, sem a reconversão em eletricidade, a ser conduzido entre 2022 e 2024.