2W Energia investe em parques híbridos

FONTE: Brasil Energia

Os parques eólicos Anemus e Kairós do grupo vão contemplar complexos solares de 250 MW e 210 MW, respectivamente

O plano da 2W Energia de expandir a geração própria para atender seus 3 mil clientes de comercialização inclui a entrada no promissor campo das usinas híbridas, cuja regulamentação foi recentemente aprovada pela Aneel e passará a valer a partir de 2022.

A estratégia da empresa, segundo disse ao EnergiaHoje o diretor de Investimentos da 2W, Walter Tatoni, é complementar com fonte solar o seu pipeline inicial de geração constituído por dois parques eólicos: o Anemus, em Currais Novos (RN), de 138,6 MW, que entrará em operação em setembro de 2022, e o Kairós, de 261 MW, em Icapuí (CE), cuja primeira fase está programada para iniciar operação em março de 2023, para conclusão total no decorrer do mesmo ano.

O cronograma é implantar uma usina solar fotovoltaica de 250 MW junto ao Anemus. Já com licença prévia de instalação e DRO emitidas, a estruturação do investimento começa em junho de 2022, segundo Tatoni, com perspectiva de entrada em operação no fim de 2023, mais tardar no começo de 2024. No Kairós, uma UFV de 210 MW, virá na sequência da instalação do parque eólico cearense.

A previsão de investimento em solar, nessa primeira fase de criação de portfólio próprio de geração, é de R$ 2 bilhões.

Estruturação inovadora

A estruturação financeira dos novos investimentos solares vai seguir o modelo inovador que a 2W Energia adotou para viabilizar seus parques eólicos, com uso de financiamento via mercado de capitais lastreado por PPAs pulverizados de seus clientes de médio e pequeno porte.

No Anemus, em uma operação coordenada pelo BTG Pactual, que também foi fiador em conjunto com o Banco Sumitomo, a 2W fez uma emissão de debêntures de infraestrutura de R$ 475 milhões, ou seja, 75% do capex de R$ 640 milhões programados para as obras, que envolvem contrato de 33 aerogeradores V150 da Vestas de 4,5 MW de potência nominal. O restante fica por conta do capital próprio da empresa.

Como garantia dos primeiros seis anos do prazo de 18 anos das debêntures para o Anemus, a empresa utilizou PPAs de 120 contratos de médios e pequenos clientes da comercializadora.

“Já para os outros 12 anos de prazo, o contrato está respaldado na premissa de que o preço de longo prazo do mercado livre ficará na faixa 150 reais o MWh, preço de sustentação avalizado com rating da Fitch”, diz Tatoni.

No Kairós, cujo investimento total é de R$ 1,4 bilhão, a estruturação financeira é por fases. A primeira etapa foi concluída na semana e visou a criação de equity para os investimentos da empresa, o que correu com a captação de R$ 400 milhões em uma operação de emissão de debêntures para clientes da plataforma de gestão de fortunas do banco Credit Suisse e investidores institucionais. Com prazo vencimento de quatro anos, segundo Tatoni, trata-se de uma operação pre-IPO finance, já que 15% são conversíveis em ações depois de IPO previsto para ocorrer entre 2022 e 2023.

Mas diretamente para o financiamento do parque Kairós, porém, a 2W Energia vai contar com crédito do Banco do Nordeste (BNB), em um valor total de R$ 465 milhões, para fazer frente a R$ 620 milhões de capex da primeira fase do parque, de 112 MW. Neste ano, a 2W Energia assina contrato de R$ 165 milhões com o BNB e o resto do crédito, os R$ 300 milhões, já em carta-consulta, terá contrato assinado no próximo ano.

Para os restantes 150 MW do Kairós, a previsão é de nova emissão de debêntures de infraestrutura, no mesmo modelo da feita para o Anemus, o que deve ser feito no fim de 2022. Nesse caso, a garantia deve envolver mais de 200 PPAs de clientes médios e pequenos.

Os projetos solares, assim como um terceiro projeto híbrido eólica-solar em gestação no momento, seguirão os mesmos modelos de estruturação financeira. “Mesmo que tenha sido mais complicado de estruturar de início, trata-se de solução ágil e replicável para nossos projetos de longo prazo”, diz Tatoni.