Braspell anuncia projeto de R$ 3 bilhões em Juiz de Fora
FONTE: Valor Econômico
Luiz Eduardo Batalha, responsável por trazer a marca Burger King para o Brasil, investe há seis anos na produção de pellets de madeira
A Braspell Bioenergia, que tem como foco a produção de pellets de madeira para uso como biocombustível, assinou ontem um protocolo de intenções com a prefeitura de Juiz de Fora (MG) para instalar um centro logístico, uma termelétrica e uma fábrica de pellets no município. O projeto tem investimento estimado de R$ 3 bilhões, a serem aplicados em dez anos, gerando até 4 mil empregos diretos e indiretos.
A Braspell Bioenergia foi criada há seis anos pelo empresário paulista Luiz Eduardo Batalha e seu filho Luiz Guilherme Batalha. Luiz Eduardo Batalha foi responsável por trazer a marca Burger King para o Brasil, sendo hoje o maior acionista individual da marca. Também é o maior produtor de azeite extra virgem do país, criador de gado Angus, ovinocultor, além de manter negócios no setor imobiliário.
Afonso Celso Bertucci, diretor técnico da Braspell Bioenergia, disse que cada linha de pellets terá capacidade para produzir 600 mil toneladas por ano e vai demandar investimentos da ordem de US$ 140 milhões. O plano prevê a implantação de até três linhas de produção. Também está prevista a instalação de uma usina termelétrica, com investimento de de US$ 80 milhões.
“O investimento inicial será da ordem de US$ 360 milhões [R$ 2 bilhões]. Estamos entrando na fase de projetos e licenças ambientais, que devem levar de oito meses a um ano. A construção da indústria vai levar mais dois anos”, afirmou Bertucci. Com esses prazos, a companhia estima começar a produzir os pellets em 2024.
A Braspell fez um levantamento com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), a prefeitura de Juiz de Fora e empresas locais, e identificou na região 60 mil hectares de eucaliptos plantados e ainda não negociados. “Vamos começar nossa operação com parceria com esses produtores. ada linha de 600 mil toneladas de pellets precisa de 30 mil hectares de eucalipto. A região tem potencial para começar com duas linhas de produção”, calcula Bertucci.
A meta da companhia é vender a produção de pellets para usinas termelétricas movidas a carvão vegetal e indústrias siderúrgicas nacionais e exportar. A fábrica fica localizada às margens da ferrovia da MRS que liga Juiz de Fora ao porto de Itaguaí (RJ). “Em Itaguaí vamos construir um terminal de estocagem de pellets para exportação. E estamos em negociação com grandes siderúrgicas internacionais para exportar os pellets”, afirmou o diretor.
O plano inclui ainda a instalação de uma usina termelétrica, com capacidade de 50 megawatts (MW), que vai usar restos florestais (cascas, pontas, galhos e tocos de eucalipto) como biomassa. A energia gerada vai abastecer a fábrica de pellets e a sobra de energia será vendida.
Na fase de construção, a estimativa é que sejam criados 1,4 mil empregos diretos. No processo industrial, são estimados 250 postos de trabalho e, nas atividades florestais, 1,1 mil empregos. O total de postos de trabalho pode chegar a 4 mil, com a implantação das três linhas de pellets e da termelétrica.
Para a prefeita Margarida Salomão (PT), a instalação do polo fabril da Braspell é mais um passo nos planos da Prefeitura de Juiz de Fora para transformar a região em um polo nacional de energias renováveis. “Nos interessou muito a empresa por ser geradora de energia renovável de base florestal”, afirmou a prefeita.
Há cerca de 20 anos, produtores rurais da região de Juiz de Fora fizeram plantio intenso de eucaliptos para atender a demanda da ArcelorMittal, mas a siderúrgica acabou não aproveitando toda a produção. Centenas de agricultores tiveram prejuízos com suas florestas de eucaliptos.
“A nova fábrica constitui um investimento sócio ambiental na região e deve gerar imediatamente pelo menos 1,4 mil empregos na construção da unidade fabril. Ao todo, serão gerados 4 mil empregos de qualidade, além da parceria com cerca de 400 produtores rurais que vão fornecer os eucaliptos”, afirmou Margarida Salomão.
Em 2019, a Braspell havia anunciado um investimento de R$ 1,4 bilhão na construção de uma fábrica de pellets em Pinheiro Machado (RS), com capacidade de produção de 1,2 milhão de toneladas ao ano e previsão de entrar em operação no início de 2022. O projeto, no entanto, ficou paralisado nos últimos dois anos por causa dos impactos da pandemia. De acordo com a Braspell, o projeto ainda será colocado em prática, apesar do atraso.