TAG e NTS projetam novos gasodutos no Brasil até 2023
FONTE: Valor Econômico
Com a aprovação da Nova Lei do Gás, as duas empresas decidem investir para ampliar e conectar a malha de transporte
A Nova Transportadora do Sudeste (NTS) e a Transportadora Associada de Gás (TAG), as duas principais transportadoras privadas de gás natural do Brasil, têm planos de construir novos gasodutos entre 2022 e 2023. Os projetos das duas companhias, ambas privatizadas pela Petrobras nos últimos anos, prometem ser os primeiros a serem construídos após a aprovação, este ano, da Nova Lei do Gás – que acabou com o regime de concessão para retomar o de autorização para novos dutos.
Em um primeiro momento, o foco está em pequenas conexões. A NTS, empresa controlada por um fundo liderado pela Brookfield e que administra uma rede de 2 mil quilômetros entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, pretende construir em 2022 o gasoduto Itaboraí-Guapimirim (GASIG). O empreendimento tem 11 quilômetros e ligará a unidade de processamento (UPGN) da Petrobras no Polo GasLub (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ), à malha nacional.
O presidente da NTS, Wong Loon, disse que a empresa espera realizar, no primeiro trimestre de 2022, a chamada pública para contratação da capacidade do duto. O GASIG foi, originalmente, um projeto concebido pela Petrobras e chegou a ser anunciado, na década passada, como o primeiro gasoduto a ser licitado sob o regime de concessão do país. No entanto, as obras da UPGN do Comperj atrasaram sucessivamente e o duto nunca saiu do papel.
Já a TAG, empresa controlada pela Engie e que administra os gasodutos de transporte das regiões Nordeste e Norte, tem planos de conectar o terminal de regaseificação de Sergipe à malha nacional até o fim de 2023. A planta sergipana de gás natural liquefeito (GNL) é operada pela New Fortress Energy e é responsável pelo suprimento da termelétrica Porto de Sergipe I (1.551 megawatts), projeto da Celse (New Fortress/Ebrasil).
O projeto da TAG prevê a construção de um gasoduto de 25 quilômetros de extensão. Trata-se de um empreendimento pequeno, mas investimentos em infraestrutura “levam tempo”, disse o diretor-presidente da transportadora, Gustavo Labanca.
“Estamos conversando bastante com a New Fortress Energy para fazer essa integração. O cronograma é apertado, estamos tentando fazer isso até o final de 2023. O trecho é pequeno, mas temos que ver a melhor rota, estudos ambientais”, disse Labanca, ontem, ao participar do evento Rio Pipeline.
O executivo afirmou ainda que a tarifa de transporte do transporte do projeto está em discussão junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A expectativa é que a abertura do mercado de gás estimule novos investimentos. Wong Loon, da NTS, disse ao Valor que a empresa tem planos de investir R$ 950 milhões em cinco anos, incluindo nesse montante o GASIG, as obras de interconexão da malha da empresa com a da TAG, em Cabiúnas, em Macaé (RJ), e atividades de operação e manutenção. “Mas esperamos que sejamos demandados a investir mais, fruto de novos entrantes [no mercado de gás]”, disse o executivo.
Segundo Loon, a NTS debate com as demais transportadoras a construção de uma espécie de “corredor do pré-sal”, a partir de ajustes na infraestrutura, para direcionar o aumento da oferta do pré-sal, nos próximos anos, para os mercados consumidores, sobretudo de São Paulo e região Sul. Em um primeiro momento, a ideia é instalar novas estações de compressão para reforçar o atual sistema. Para o futuro, se houver demanda, o plano é ampliar a malha.
“A curva de oferta vai quase que dobrar em cinco, seis anos no pré-sal. A entrada do pre-sal é no Rio… [Do lado da demanda] O maior PIB é em São Paulo e há um mercado maduro, clamando por gás no Sul. Temos que ser proativos, nos apresentamos como solução para o produtor”, afirmou Loon.
Labanca destacou que a abertura do mercado brasileiro está acontecendo, mas numa “velocidade natural”. “A expectativa que foi criada em torno da abertura foi muito otimista para o prazo necessário. Ainda temos um grande player dominante, a abertura é gradual. Tem uma transição e não vai ser feito em um ano, é no médio a longo prazos, mas tem muita coisa acontecendo”, disse o executivo.