Essentia Energia, do Pátria, planeja triplicar portfólio

FONTE: Valor Econômico

Companhia inaugura primeiro projeto solar na Bahia e mira novas oportunidades ligadas a fontes renováveis

A Essentia Energia, plataforma de geração de energia renovável do Pátria, tem a meta de triplicar de tamanho nos próximos cinco anos, colocando de pé novos projetos solares e eólicos de grande porte. Criada há pouco menos de dois anos, a empresa está iniciando nesta semana as operações da primeira usina de seu portfólio, que hoje conta com dois empreendimentos na Bahia, que somam 940 megawatts (MW) de capacidade instalada.

“Estamos construindo uma carteira bem robusta, temos vários projetos em ‘due diligence’ (auditoria) para já colocarmos na esteira de implantação. O objetivo é nos tornarmos uma das principais empresas do segmento de renováveis”, disse ao Valor Leonardo Serpa, CEO da Essentia. “O setor de energia é muito relevante para o Pátria, investimos há 15 anos em geração. Temos muito apetite”, acrescentou Marcelo Souza, sócio da gestora e presidente do conselho da Essentia.

A companhia conquistou agora um marco importante com o começo das operações do complexo fotovoltaico Sol do Sertão, um ano e sete meses depois do início das obras. Situado em Oliveira dos Brejinhos (BA), o empreendimento tem capacidade de 475 megawatts-pico (MWp) e tem grande parte da energia vendida à Cemig Geração e Transmissão, por um prazo de 20 anos. O projeto exigiu R$ 1,4 bilhão em investimentos e contou com financiamento do BNDES, no valor de R$ 910 milhões.

Além da mega usina solar, a Essentia está construindo um projeto eólico em Xique-Xique (BA). Batizado de “Ventos de São Vitor”, o complexo possui 465 MW de potência e também tem contrato de longo prazo com a Cemig GT. As obras foram iniciadas em fevereiro deste ano, e a expectativa é de entrada em operação até o quarto trimestre de 2022.

Ao todo, o empreendimento eólico vai demandar R$ 2,4 bilhões em investimentos. A estrutura de financiamento ainda está sendo montada, mas deve envolver BNDES, Banco do Nordeste (BNB ) e debêntures de infraestrutura.

Os executivos destacam que os dois projetos contam com tecnologia de ponta. No caso do parque solar, foram instalados painéis bifaciais, com células que absorvem não só a irradiação direta do sol, mas também a refletida pela superfície do local. Já o projeto eólico vai receber turbinas da Siemens Gamesa de 6,2 MW, que estão entre as mais potentes do mercado.

Para o futuro, a companhia vem buscando acordos com consumidores do mercado livre de energia e também estuda arranjos de autoprodução. A participação em leilões do mercado regulado não está descartada, mas a empresa vê pouco espaço para viabilização de projetos nessa via, já que a contratação do cativo tem sido baixa nos últimos anos.

A Essentia enxerga ainda oportunidades no mercado de geração distribuída solar (pequenas usinas), que vem crescendo a taxas expressivas desde 2018. “O Pátria tem olhado esse setor já há alguns anos. Ele é muito pulverizado, os projetos são muito pequenos. Ainda não achamos um ângulo de entrada, mas eventualmente podemos nos posicionar sim”, diz Souza.

A Essentia nasceu no fim de 2019 e recebeu recursos do fundo Pátria Infraestrutura IV, que captou R$ 10 bilhões e também apoiou outros negócios de infraestrutura. A atuação do Pátria em geração de energia, porém, tem outros grandes marcos, como a constituição da Ersa, empresa que hoje é a CPFL Renováveis, e a Latin América Power (LAP), que atua no Chile e Peru. “Queremos expandir para outros países da América Latina, como a Colômbia, e podemos nos alavancar na estrutura e conhecimento da Essentia”, diz o sócio.