ANA: Brasil precisa investir R$ 110 bi até 2035 para garantir acesso à agua

FONTE: saneamentobasico.com.br

Região Sudeste e Nordeste requerem 76% dos investimentos por apresentaram as maiores demandas.

Estudo observou que o investimento deve contemplar a construção de novas estruturas e a reposição das que já existem.

Para garantir o acesso da população à água, o Brasil precisará investir até 2035 um total de R$ 110 bilhões na infraestrutura de produção, distribuição e segurança do recurso. Os dados são da 2ª edição do levantamento Atlas Águas, divulgado pela ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) na 2ª feira (18.out.2021).

Ao analisar 4.063 pontos de captações de águas superficiais e 14.189 captações subterrâneas espalhadas pelo país, o estudo observou que o investimento deve contemplar a construção de novas estruturas e a reposição das que já existem, além de ações para reduzir as perdas de água, melhorar a gestão dos sistemas e garantir a segurança hídrica das cidades brasileiras.

“Segurança hídrica continua sendo um desafio para a gestão tanto na questão da quantidade quanto da qualidade dos nossos recursos hídricos”, disse a diretora-presidente da ANA, Christianne Dias.

Na 2ª edição do levantamento, é apresentado um novo índice de segurança hídrica para todos os municípios brasileiros. O indicador considera os parâmetros do PNSH (Plano Nacional de Segurança Hídrica) e as recentes crises hídricas para medir o nível de garantia de acesso à água tratada em diferentes regiões do Brasil.

Segundo o Atlas, apenas 7 milhões de brasileiros vivem em cidades com segurança hídrica máxima e somente 667 cidades apresentam esse índice. Já a maior parte da população, 77,3 milhões de brasileiros, habitam locais classificados com segurança média, sendo 1.975 cidades nessa condição. Pouco mais de 50 milhões de brasileiros vivem em 785 cidades com segurança hídrica baixa ou mínima.

O trabalho também avaliou a vulnerabilidade dos mananciais — fontes de águas superficiais ou subterrâneas usadas para o abastecimento público —, a capacidade dos sistemas produtores de água e o desempenho dos sistemas de distribuição.

Ele observa que, em termos de vulnerabilidade dos mananciais, 44% das cidades têm fontes de captação de água vulneráveis a eventos climáticos críticos, como secas e mudanças climáticas, que atendem a 5,8 milhões de habitantes. Já 56% das cidades possuem fontes de água não vulneráveis.

“Em 39% das cidades, há sistemas produtores de água satisfatórios, em 42% são necessárias ampliações das unidades e em 19% há necessidade de adequações nos sistemas”, diz o relatório.

Com relação às perdas de água no abastecimento, o Atlas avalia que nenhum município brasileiro está na classificação mais eficiente, chamada de Classe A1.

Ele indica que 46% precisam realizar avaliações para confirmar a efetividade das melhorias nos índices de perdas (Classe A2) e 19% têm potencial para melhorias significativas no tema (Classe B). Já 13% dos municípios estão na Classe C e necessitam reduzir os vazamentos e 22% das cidades brasileiras utilizam os recursos hídricos de modo ineficiente (Classe D).

Sobre os índices de cobertura do abastecimento, “3.574 cidades têm índices superiores a 97%; 725 possuem cobertura entre 90% e 97%; 732 sedes urbanas registram um patamar de 70% a 90%; enquanto 539 apresentam índice inferior a 70%”, conclui o estudo.

Investimentos nos Estados

O relatório aponta que, do total do montante, a região Sudeste e Nordeste demandam 76% dos investimentos por apresentarem as maiores quantidades de habitantes e, por consequência, as maiores demandas por água.

Entre os Estados, São Paulo, Ceará, e Minas Gerais, são os que mais precisam de recursos. Eis os investimentos, em ordem decrescente, que cada Estado brasileiro precisa até 2035 para universalizar o abastecimento de água:

  • São Paulo: R$ 17,81 bilhões;
  • Ceará: R$ 12,85 bilhões;
  • Minas Gerais: R$ 11,36 bilhões;
  • Rio de Janeiro: R$ 10,57 bilhões;
  • Pernambuco: R$ 8,05 bilhões;
  • Bahia: R$ 7,42 bilhões;
  • Paraná: R$ 5,32 bilhões;
  • Rio Grande do Sul: R$ 4,75 bilhões;
  • Santa Catarina: R$ 3,71 bilhões;
  • Goiás: R$ 3,34 bilhões;
  • Pará: R$ 3,21 bilhões;
  • Rio Grande do Norte: R$ 2,96 bilhões;
  • Espírito Santo: R$ 2,78 bilhões;
  • Paraíba: R$ 2,39 bilhões;
  • Piauí: R$ 2,20 bilhões;
  • Maranhão: R$ 2,15 bilhões;
  • Mato Grosso: R$ 1,44 bilhões;
  • Alagoas: R$ 1,43 bilhões;
  • Sergipe: R$ 1,36 bilhões;
  • Mato Grosso do Sul: R$ 1,02 bilhões;
  • Rondônia: R$ 967,5 milhões;
  • Amapá: R$ 736,4 milhões;
  • Amazonas: R$ 621,1 milhões;
  • Tocantins: R$ 613,2 milhões;
  • Distrito Federal: R$ 574,9 milhões
  • Acre: R$ 427,8 milhões;
  • Roraima: R$ 172,0 milhões.

Recuperação do Reservatórios

Na 2ª feira (18.out), a ANA aprovou um plano de contingência para a recuperação dos reservatórios das usinas hidrelétricas do SIN (Sistema Interligado Nacional) até abril de 2022.

Segundo a agência, o objetivo é mitigar os efeitos da situação de escassez causada pela atual crise hídrica enfrentada no país. O plano pretende “aumentar a segurança hídrica e garantir os usos múltiplos da água em 2022 e nos anos seguintes”, informou a ANA. A reportagem completa sobre esse assunto pode ser conferida aqui.