Usinas ampliam investimentos em energia elétrica e biogás, miram portfólio robusto e novas oportunidades de negócios
FONTE: saneamentobasico.com.br
Após um ano bastante complicado em função da ocorrência de seca, geadas e incêndios, as unidades sucroenergéticas do Centro-Sul se aproximam do final da safra 2021/22 com expectativa de quebra na produção.
Investimentos na ordem de R$ 7 bilhões permitirão ao setor acrescentar 2,3 mil MW novos à matriz elétrica até 2026.
Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) revelam que, desde o início do ciclo até a primeira metade de setembro, a moagem acumulou uma queda de 6,62%. Nesse período, a quantidade de cana-de-açúcar processada atingiu 430,95 milhões de toneladas (mi/ton), ante as 461,49 mi/ton registradas no mesmo período do último ano agrícola. Com muitas unidades já encerrando suas operações por falta de matéria-prima, a expectativa é que essa quebra se acentue ainda mais até o final oficial da safra na região (31 de março de 2022).
No entanto, essa queda na moagem não tem refletido nos volumes de produção de energia elétrica. Segundo o gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar José de Souza, até o dia 15 de setembro deste ano, houve uma redução de apenas 0,4% na comparação com o mesmo período do ciclo passado. “Até a primeira quinzena de setembro, foram gerados quase 17 mil gigawatts-hora (GWh). A expectativa até o final do ano é de uma produção total de 22 mil GWh, o mesmo volume registrado em 2020.”
O profissional observa que, ao longo deste ano, foi notável um esforço das usinas para ajudar o país nesse momento de intensa crise hídrica. Os bons preços – puxados para cima pela estiagem – também foram responsáveis por estimular ainda mais essa capacidade de geração extra. “Em função da quebra da cana, as unidades têm buscado outras alternativas para não diminuir a produção de energia elétrica e continuar aproveitando esse bom momento, como aquisição de cavaco de madeira, casca de arroz e biomassa de terceiros; além da criação de projetos para reduzir o consumo de vapor e, consequentemente, aumentar os níveis de eficiência da planta.”
Zilmar ressalta que a bioeletricidade já se consolidou como o terceiro produto do segmento sucroenergético, sendo uma excelente oportunidade de negócio, não apenas agora, mas também para quem pensa a longo prazo. “O que temos visto nos últimos anos é um aumento do número de usinas investindo em retrofits com o objetivo de aumentar a produção de energia elétrica, seja para suprir 100% de sua demanda ou para exportação.”
Energia
De acordo com ele, em 2020, foram injetados 304 megawatts (MW) novos na matriz elétrica. Para este ano, a previsão é de 400 MW. “Nos próximos cinco anos, devemos acrescentar 2,3 mil MW, aumentando a geração do setor de 20% a 30% até 2026. Esse volume adicional demandará investimentos na cadeia produtiva na ordem de R$ 7 bilhões.”
Além da bioeletricidade, outros dois novos produtos estão se consolidando no setor sucroenergético nacional, com potencial de rapidamente se tornarem integrantes fixos do portfólio – cada vez mais robusto – do segmento. Trata-se do biogás e do biometano. Alguns grupos saíram na frente e já começaram a obter os primeiros frutos. Diversas outros possuem projetos avançados e devem divulgar novidades no futuro próximo.
“O biogás pode ser obtido a partir dos subprodutos da cana, como bagaço, palha, vinhaça e torta de filtro. A partir dele, é possível gerar energia elétrica e biometano, acarretando ganhos ambientais e econômicos às companhias.”