Leilão de aeroportos deverá atrair grandes operadores
FONTE: Valor Econômico
Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) são considerados as últimas “joias da coroa” do setor
O leilão da sétima rodada de aeroportos do governo federal deverá atrair forte interesse de grandes operadores. Os grandes atrativos são Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) – considerados as últimas “joias da coroa” a serem licitadas no setor.
Ainda é cedo para dimensionar efetivamente a concorrência, já que ainda não há edital. Porém, a avaliação inicial é que as principais companhias do segmento certamente vão estudar com atenção os ativos, que são extremamente interessantes, inclusive em uma perspectiva global, segundo analistas.
“A sensação é que haverá uma competição expressiva. As empresas que têm participado dos últimos leilões de forma recorrente devem entrar. Eventualmente, podem fazer alguma combinação, pelo tamanho do projeto”, avalia o advogado Bruno Aurélio, sócio do Demarest.
Há também expectativa de que grupos financeiros estudem o leilão. “Os fundos olham com um pouco mais de conservadorismo, exigem uma maior rentabilidade. Mas são ativos que já vêm com demanda garantida, e isso não vão mudar. São aeroportos que são centrais e estão saturados”, afirma Fabio Falkenburger, sócio do Machado Meyer.
Para ele, porém, tudo vai depender do formato final dos blocos e quais investimentos serão incluídos – os aeroportos serão licitados em lote, juntamente com outras unidades. A ideia do governo é combinar ativos rentáveis e outros menos atrativos, para viabilizar investimentos.
Apesar da expectativa de competição, alguns fatores podem afastar o interesse de operadores que ainda não estão no país, segundo Maurício Endo, sócio-líder da área de Governo da KPMG. O primeiro deles é a ideia do governo de reduzir o prazo entre a publicação do edital e a entrega das ofertas, de cem para 70 dias. “Os grupos locais acompanham mais de perto os ativos, mas a redução pode afetar a participação de quem não está familiarizado.”
Além disso, o cenário de instabilidade política atual gera uma maior insegurança a novos investidores. “Por um lado, as incertezas da pandemia já impactam menos, a demanda já mostrou uma recuperação. Por outro, o cenário político e econômico do país piorou”, diz Endo.
Falkenburger também avalia que os operadores presentes no país são favoritos, porém, acredita que grupos americanos e asiáticos ainda podem estudar.
Apesar de uma expectativa menor para novos entrantes, a avaliação é que, hoje, já existe uma gama significativa de grandes operadores no país. Entre eles, estão a suíça Zurich Airport, a espanhola Aena, a alemã Fraport, a francesa Vinci Airports e a Changi Airports International, de Cingapura. Além dos grupos estrangeiros, a brasileira CCR se tornou um grupo de peso no setor, ao conquistar 15 novos aeroportos, no último leilão federal da sexta rodada de concessões, realizado em abril deste ano.
Além dos dois blocos “estrelados”, a sétima rodada prevê também um terceiro lote da região Norte. Para este bloco, a perspectiva é bastante diferente. Com ativos menos atrativos, deve haver interesse de grupos de menor porte e com capacidade de investimento mais baixo, afirma Falkenburger. O lote é considerado “mais difícil”, segundo Aurélio.