Mina da Cosan deve estrear em 2025 com 10 milhões de toneladas ao ano
FONTE: Valor Econômico
A JV Mineração, novo projeto do grupo Cosan, em sociedade com o empresário Paulo Brito, deverá começar a operar a partir de 2025 com uma produção de cerca de 10 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. A perspectiva, porém, é que o número avance.
A companhia, cuja criação foi anunciada na segunda-feira, deverá explorar ao menos três projetos minerais no Estado do Pará. O primeiro deles fica próximo a Paraupebas (PA), na região de Carajás.
“Já fizemos quase 50 mil metros [quadrados] de sondagens na região e pretendemos, no próximo ano, fazer mais 80 mil metros. Hoje, já podemos afirmar com bastante confiança que temos de 2 bilhões a 3 bilhões de recursos minerais para poder transformar em minas. Com a sondagem, esperamos que esse número cresça razoavelmente”, afirmou Juarez Saliba, executivo que assumiu o comando do novo negócio.
A ideia é buscar nichos de mercado, por meio da produção de um minério de ferro de qualidade, vendido com prêmios maiores. “Vamos produzir um minério de altíssima qualidade, com teor de ferro cima de 67%”, disse ele, em uma teleconferência realizada ontem, um dia após o anúncio do novo empreendimento.
O minério será escoado por meio da Estrada de Ferro Carajás (operada pela Vale) até o Porto São Luís, que também foi adquirido pela Cosan. O acordo para a compra do terminal portuário, que é totalmente privado, será de R$ 720 milhões. Hoje, o ativo é controlado pela CCCC (China Communications Construction), com 51%. Os demais 49% pertenciam à WPR, empresa de infraestrutura do grupo WTorre, e à Lyon Capital, fundada por Paulo Remy.
O acordo final com os chineses está sendo costurado, mas os executivos da Cosan afirmam que estão confiantes no fechamento. A ideia é que a CCCC siga responsável pela construção do porto, que será feito desde o zero – o grupo chegou a lançar a pedra inaugural em 2018, mas não conseguiu iniciar a obra efetivamente.
O terminal é considerado parte essencial para o projeto da JV Mineração. “O porto viabiliza nossa entrada em um segmento que tem como principal barreira o escoamento da produção. Se olharmos a história da mineração, o desafio sempre foi encontrar uma saída em condições competitivas. Estamos viabilizando isso”, afirmou o presidente do grupo, Luis Henrique Guimarães.
Uma vez construído, o porto terá capacidade mínima para transportar 50 milhões de toneladas por ano – um volume que poderá ir “bem além” desse patamar. “O porto vai ser construído com estrutura para quatro berços de atracação, o que dará uma capacidade muito elevada. Vamos construir à medida que a produção da mina avança”, diz Saliba.
O porto será destinado apenas à movimentação de minério de ferro. No projeto da CCCC, a ideia era incluir terminais de grãos, o que não está no radar da Cosan neste momento. O grupo está fechando o acordo para a construção, portanto, não foi cravada uma perspectiva de valor final da obra – que era estimada em R$ 2 bilhões no projeto anterior.
Os executivos afirmam que o financiamento não será um problema e que a entrada de um sócio financeiro é uma possibilidade. “Temos um tempo razoável para solucionar a equação do ‘funding’. Já começamos a contemplar um cenário de captação, o que não vai ser um desafio”, afirmou o diretor financeiro da Cosan, Marcelo Martins. “Temos uma disciplina financeira permanente. Traremos outros investidores se for necessário, ou mesmo que tenhamos 100% dos recursos disponíveis”, completou.
A JV Mineração é o primeiro de outros projetos que a Cosan pretende lançar. Para isso, o grupo formou um braço de investimentos, com uma estrutura de fundo, que abrigará os novos negócios.
A empresa escolheu essa estrutura para ganhar mais flexibilidade e agilidade, tanto na atração de sócios como em desinvestimentos. Outro objetivo é traçar uma diferença clara entre os novos negócios e os ativos tradicionais do grupo, que compõem o “portfólio permanente” – Rumo, Raízen, Compass e Moove. As empresas que vierem dentro da nova estrutura terão um horizonte mais curto, afirmou o presidente.