Cosan entra em mineração com porto no MA

FONTE: Valor Econômico

Conglomerado de Rubens Ometto compra porto e será sócio de fundador da Aura Minerals

O grupo Cosan, do empresário Rubens Ometto Silveira Mello, anunciou ontem o primeiro passo para entrar na exploração e escoamento de minério de ferro, conforme antecipou o Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. A companhia comprou 49% do porto de São Luís, no Maranhão, e vai formar uma joint venture com o empresário Paulo Brito, fundador da Aura Minerals, para ser um “player integrado de minério de ferro” do país.

Por meio de sua empresa controlada Atlântico Participações, a Cosan adquiriu 49% do porto de São Luís que pertenciam à WPR, empresa de infraestrutura do grupo WTorre, e à Lyon Capital, fundada por Paulo Remy. O grupo fez proposta vinculante para ficar com 100% do negócio, avaliado em R$ 720 milhões. O porto é controlado pelo grupo chinês China Communications Construction Company Limited (CCCC), com 51% de participação.

A compra do porto será o primeiro movimento para o grupo de Rubens Ometto começar a construir o seu projeto de ser uma mineradora integrada. Por meio do memorando de entendimentos (MoU, na sigla em inglês), a Cosan também firmou sociedade com o grupo Paulo Brito – o empresário é fundador e controlador da Aura Minerals – essa empresa não fará parte do negócio.

A Cosan vai formar uma joint venture, batizada de JV Mineração, com o empresário para a exploração de minério de ferro, que deverá ser escoado pelo porto São Luís, com controle compartilhado. “Este MoU prevê que a Atlântico deterá 37% do capital total e controle compartilhado da nova companhia combinada, ou seja, 50% das ações ordinárias, da nova empresa combinada, após o aporte do porto e de caixa, a depender de chamadas de capital pela administração da companhia”, informou o grupo em fato relevante ao mercado. Paulo Brito e seus sócios no grupo ficarão com 63% do negócio.

Segundo o comunicado, a JV Mineração será uma empresa integrada de mineração e logística, que possuirá, além do porto, direitos de exploração de ativos minerários em três projetos localizados no Estado do Pará, com potencial importante de reservas de minério de ferro, a serem escoados em Maranhão.

Com início de operação previsto para 2025, o primeiro projeto mineral a ser explorado pela JV Mineração está localizado próximo a Paraupebas (PA), na região de Carajás, conectado ao porto pela estrada férrea de Carajás, que é operada pela Vale. “A exploração seguirá os mais altos padrões ambientais e de segurança, alinhados à estratégia de alocação sustentável de capital, suportada pelos princípios EESG do grupo Cosan”, ainda de acordo com o fato relevante.

A nova companhia terá Juarez Saliba de Avelar como CEO. Executivo com experiência no setor de mineração, ele já passou por posições de liderança em empresas como Vale e CSN. E também contará com Julio Fontana, ex-presidente da Rumo, com experiência em logística ferroviária e portuária, que será conselheiro e consultor sênior da JV Mineração.

A compra do porto de São Luís será a primeira contribuição de ativo feita pela Cosan em sua nova sociedade. A Rumo, empresa de logística do grupo, não entra nesse negócio. A Cosan pretende investir bilhões de reais para se tornar um operador relevante em mineração.

Um dos maiores grupos empresariais do país, a Cosan deu nos últimos meses passos importantes para expandir seus negócios. Por meio da Compass, comprou a maior distribuidora de gás do país, a Gaspetro, que pertencia à Petrobras, por R$ 2 bilhões. A Raízen, sociedade entre Cosan e Shell, levantou quase R$ 7 bilhões em sua abertura de capital no início do mês. Maior produtora de açúcar e etanol do Brasil, a Raízen já tinha anunciado a compra da Biosev, que pertencia ao grupo Louis Dreyfus – no dia 10 de agosto, a companhia também adquiriu 50% da Barcos y Rodados, líder em distribuição de combustíveis do Paraguai.

Procurada, a chinesa CCCC não quis comentar as informações divulgadas pela Cosan.