Galvani renova seu plano de expansão
FONTE: Valor Econômico
Com investimentos de R$ 2,5 bilhões e diversificação, empresa espera quintuplicar a receita
O executivo Marcos Stelzer, que trabalha há três décadas na indústria de fertilizantes, boa parte delas no grupo Anglo American, chegou à Galvani em abril com a missão de conduzir um plano de investimentos de R$ 2,5 bilhões, com o qual a companhia pretende expandir e diversificar seus negócios nos próximos cinco anos.
Traçado antes de Stelzer assumir o cargo de CEO, o projeto poderá elevar a produção total da Galvani, que atualmente é de cerca de 520 mil toneladas de fosfatados por ano, para 2,3 milhões de toneladas – entre fosfatados de baixa e alta concentração, além de fosfato bicálcico – até 2026. Com isso, de acordo com o planejamento, a receita da empresa saltará de R$ 700 milhões – previsão para 2021 – para R$ 3,5 bilhões anuais.
A maior parte dos investimentos necessários – recursos que, segundo a companhia, serão provenientes do caixa e de investidores internacionais -, será destinada ao projeto da planta localizada em Santa Quitéria, no Ceará. Na unidade, a Galvani planeja começar a produzir fertilizantes fosfatados de alta concentração e o fosfato bicálcico, um componente para suplementação animal. Os produtos deverão entrar no portfólio da empresa, que hoje comercializa principalmente um fertilizante fosfatado de baixa concentração originado em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia.
“O grande diferencial é que, a partir de Santa Quitéria, conseguiremos atender o Arco Norte”, afirma Stelzer. Como o fertilizante fosfatado de alta concentração tem maior valor agregado, explica o executivo, ele é mais competitivo para atender produtores a maiores distâncias, nas quais o frete pesa mais na equação. O movimento permitirá que a Galvani amplie negócios em Mato Grosso e Pará, onde seus volumes de venda são baixos devido à questão logística. Hoje, 98% das vendas são feitas no “Matopiba” (confluência de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
O principal item comercializado pela companhia é o fosfatado de baixa concentração, que parte da Bahia. Segundo o executivo, o projeto no Ceará poderá contribuir para reduzir a dependência do mercado externo. O Brasil importa cerca de 80% do volume de fertilizantes que utiliza. Boa parte dos fosfatados é fornecida por Estados Unidos e Marrocos.
No entanto, o empreendimento cearense depende ainda de licença prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), esperada para o início de 2022. No fim do ano passado, a Galvani informou ao Valor que aguardava a autorização para 2021. Stelzer não espera surpresas relacionadas ao tema e está confiante em relação ao novo prazo.
Os trâmites, que envolvem estudos de impacto ambiental, já caminham há tempos – a empresa venceu a licitação para explorar a mina no Ceará em 2009. Nesse projeto, a a Galvani tem parceria com a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), vinculada ao Ministério de Minas e Energias, com a qual montou o Consórcio Santa Quitéria. A INB tem interesse em 2,3 mil toneladas anuais de urânio que podem ser fornecidos pela mina.
Na lista de tarefas do executivo está ainda coordenar a expansão das operações na Bahia, que receberão parte dos recursos do plano de investimentos. O complexo industrial de Luís Eduardo Magalhães e as minas de Angico dos Dias e Irecê compõem a estrutura da Galvani no Estado, sendo que esta última está em processo de licenciamento para a retomada de produção.
Em outras frentes, a empresa prevê investir ainda no porto de Mucuripe, em Fortaleza, e nos centros de distribuição em Uruçuí (PI), Barcarena e Miritituba (PA).