Indorama avança nas negociações com Ultra para comprar a Oxiteno

FONTE: Valor Econômico

Grupo asiático estaria disposto a desembolsar cerca de US$ 1,2 bilhão pelos ativos

O grupo asiático Indorama avançou nas negociações para a compra dos ativos da Oxiteno, divisão química do grupo Ultra, apurou o Valor. Fontes afirmaram que a empresa da Tailândia fechou um acordo de exclusividade com o conglomerado brasileiro, dono da rede de postos de combustíveis Ipiranga. A informação foi antecipada no início da tarde de ontem pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real.

A Indorama estaria disposta a desembolsar cerca de US$ 1,2 bilhão pelos ativos da Oxiteno, que vive, neste momento, o ciclo de alta de preços do setor petroquímico, afirmaram fontes a par do assunto. A divisão química do Ultra, que tem fábricas no Brasil, América Latina e Estados Unidos, foi avaliada em cerca de US$ 1 bilhão pelo mercado.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) médio da Oxiteno, nos últimos cinco anos, é calculado em US$ 120 milhões, avaliando a transação em cerca de dez vezes esse múltiplo, dizem fontes.

Colocada à venda pelo Ultra no ano passado, a Oxiteno chegou a atrair o interesse do fundo de private equity Advent e da empresa americana Stepan. O Bank of America (Bofa) está assessorando o grupo brasileiro na venda.

Com sede na Tailândia, o grupo Indorama já atua no Brasil – a empresa comprou em 2018 uma fábrica produtora de resina PET no complexo de Suape (PE), que pertencia à companhia italiana M&G, tornando-se uma das maiores fabricantes de PET na América Latina.

O Advent era apontado como favorito na disputa pela divisão química do grupo Ultra, mas não avançou nas conversas por não fazer a melhor proposta financeira, de acordo com pessoas a par do assunto. O cheque apresentado pela gestora ficou bem abaixo do valor oferecido pela empresa asiática. O fundo também está avaliando a compra da fatia da Odebrecht (agora Novonor) na petroquímica Braskem.

Concentrado nas mãos de grandes companhias, que dominam o mercado brasileiro, as transações da Oxiteno e da Braskem, também prevista para ser concluída até o fim deste ano, são apontadas como as principais negociações de fusões e aquisições desse setor em 2021. A Unipar, que chegou a avaliar a divisão  química do Ultra no início do processo, também está fazendo movimento de consolidação, com a aquisição de uma empresa de cloro-soda em Pernambuco.

Com um faturamento de R$ 81,2 bilhões em 2020, a Ultrapar – holding do conglomerado – tem diversos negócios. Além da rede Ipiranga, o grupo é dono da Ultragaz (gás de cozinha) e Ultracargo. Em maio, a empresa vendeu a rede de farmácias Extrafarma para a Pague Menos por R$ 700 milhões.

Com a venda de duas de suas divisões de negócios, o grupo Ultra quer se concentrar nos setores de distribuição de combustíveis, refino e gás. A companhia fez proposta para comprar a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, da Petrobras.

Neste ano, a petroleira obteve aprovação para a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, ao fundo soberano Mubadala, do governo de Abu Dhabi. A estatal fechou o negócio por US$ 1,65 bilhão. O plano de desinvestimento da estatal prevê a venda de oito refinarias.

Procurados, o Ultra e o Bofa não comentaram o assunto. A Indorama não retornou os pedidos de entrevista do jornal até o fechamento desta edição.