GS Inima planeja retomar ritmo de expansão no país em 2021
FONTE: Valor Econômico
Instabilidade cambial reduziu interesse de acionista coreano no último ano
A GS Inima estuda participar do leilão da Cedae e avalia projetos em Porto Alegre e na Bahia, afirma Paulo Roberto Oliveira, presidente da empresa no Brasil
Após passar 2020 retraída, a GS Inima, empresa de saneamento de capital coreano, planeja retomar sua expansão no Brasil. No alvo do grupo estão projetos em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul, afirma o presidente da companhia no país, Paulo Roberto Oliveira.
Um dos leilões em estudo é o da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). A empresa avalia participar de ao menos dois dos quatro lotes que serão oferecidos, e tem buscado parceiros para formar um consórcio. “Até o fim de janeiro teremos uma análise de risco de cada bloco. Em alguns dos lotes será difícil ser competitivo, porque temos concorrentes que já atuam no Rio, mas estamos nos preparando para participar”, diz o executivo.
Além da Cedae, a empresa também acompanha a consulta pública para a concessão de Porto Alegre (RS) e aguarda o lançamento do projeto em Feira de Santana, na Bahia, conta Oliveira. O grupo também mantém o interesse em novos contratos em São Paulo, onde já tem várias operações, como Araçatuba, Ribeirão Preto e Campos do Jordão.
“Existe uma disposição de fazer novos investimentos. Nosso plano de expansão entre 2021 e 2025, que será apresentado aos acionistas em fevereiro, prevê, por ano, a assinatura de um grande projeto, mais outros dois menores”, afirma.
No ano passado, a companhia teve uma participação tímida no primeiro ciclo de leilões após a aprovação da nova lei do saneamento. A única concorrência de maior porte na qual o grupo fez oferta foi a licitação de um projeto de dessalinização no Ceará. A empresa ficou de fora das licitações de Alagoas, Cariacica (ES) e Mato Grosso do Sul.
Um dos motivos é que 2020 foi um ano de “digestão” para a companhia, que fez uma grande aquisição no fim de 2019: a compra dos ativos industriais da BRK Ambiental. O valor da operação foi de cerca de R$ 1 bilhão – recursos que saíram do caixa do controlador coreano, o grupo GS. “Ao longo do ano, fizemos a incorporação total do ativo, mudanças na gestão”, diz Oliveira.
Ele também destaca as incertezas cambiais no Brasil como um fator que tirou competitividade do país dentro do conglomerado asiático – que atua em diversos segmentos e tem contratos de saneamento em ao menos nove países, como Estados Unidos, Espanha e México. “O acionista coreano tem investimentos no mundo todo. Com a pandemia, a instabilidade econômica e a oscilação cambial, o Brasil perdeu atratividade. Houve oportunidades, mas não era o momento.”
A última concessão de água e esgoto firmada pelo grupo foi a de Ouro Preto (MG), em 2019.
Porém, o presidente ressalta que há interesse em expandir as atividades no país nos próximos anos, não apenas nas concessões, mas também no segmento industrial, de tratamento de efluentes e fornecimento de água.
“A aquisição foi feita com o objetivo de ampliar a participação no segmento”, diz. A GS Inima comprou da BRK três ativos industriais: o Aquapolo, em Mauá (SP), que atende o polo petroquímico do ABC Paulista; a unidade em Jeceaba (MG), que atende o setor siderúrgico; e outra em Triunfo (RS), que também atende um polo petroquímico.
A pandemia atrapalhou a prospecção de novos clientes privados, mas Oliveira diz que há conversas com ao menos dois potenciais parceiros para novas unidades, e que também é possível atrair clientes para as unidades atuais. “A situação segue complicada para as empresas, mas a percepção é que, nos próximos seis meses, as negociações passarão a fluir mais rapidamente.”
Hoje, a divisão industrial e o segmento de concessões públicas têm participações semelhantes na companhia. O objetivo é expandir as duas áreas paralelamente, mantendo o equilíbrio entre os negócios.
Em 2019 (dados mais recentes disponíveis), a GS Inima Brasil teve receita líquida de R$ 432,9 milhões, alta de 33% em relação ao ano anterior. Porém, o lucro líquido da operação atribuído aos acionistas foi de R$ 15,2 milhões, quase metade do valor registrado em 2018.