Águas do Brasil se prepara para leilão da Cedae e avalia parceria
FONTE: Valor Econômico
Grupo também planeja disputar leilões municipais, como Petrolina (PE)
O leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) será o grande foco do grupo Águas do Brasil em 2021, segundo o presidente do conselho de administração, Carlos Henrique da Cruz Lima. A companhia, que tem forte operação no Estado, está de olho no projeto desde que foi anunciado e tem poupado fôlego financeiro para a concorrência.
“Estamos estudando os quatro lotes ofertados, o que não significa que participaremos de todos. Ainda faltam cem dias para o leilão, então até lá teremos que refinar os estudos. Começamos a analisar a Cedae há pelo menos dois anos, mas agora, com o edital publicado, é preciso avaliar no detalhe”, diz ele.
A Águas do Brasil deverá olhar com especial atenção um dos quatro lotes ofertados, avaliam analistas do setor: o bloco 3, que abarca a zona oeste da capital fluminense, onde a companhia já faz a operação de saneamento e, portanto, teria forte sinergia.
Desde maio de 2012, o grupo tem uma joint venture com a BRK Ambiental (ex- Odebrecht Ambiental) para atender a região, mas apenas no serviço de esgotamento sanitário. No leilão da Cedae, o bloco 3 incluirá o abastecimento de água na zona oeste da capital, juntamente com os serviços de água e esgoto em outras oito cidades do Estado.
A empresa deverá buscar um sócio para participar da concorrência em consórcio, diz Lima. “Estamos de portas abertas para uma associação que agregue valor”, afirma. Pelo porte e alto risco do projeto, a avaliação é que todos os interessados tenderão a se associar para a disputa. As conversas entre os diversos grupos, porém, ainda estão em curso.
No caso da Águas do Brasil, as novas parcerias poderão ser pontuais ou, eventualmente, “casamentos” de mais longo prazo que possam apoiar a expansão do grupo, avalia Lima. “Hoje, não se fala em abrir o capital, mas pode haver parcerias, tanto no âmbito de uma subsidiária específica, quanto ‘em cima’, no capital da holding”, diz ele.
O grupo tem três grupos como acionistas: a Developer S.A. (formada por quatro sócios, entre eles o próprio Lima e uma empresa da família Backheuser); a Queiroz Galvão e a New Water Participações.
Em 2020, a companhia chegou a concorrer, em parceria com a gestora Vinci Partners, no leilão de saneamento da região metropolitana de Maceió (AL), realizado em setembro. Porém, quem saiu vencedor da disputa foi a BRK. “A derrota foi um aprendizado. Mas, àquela altura, já estávamos esperando a Cedae, então não queríamos gastar todas as fichas em Alagoas”, explica.
A Águas do Brasil também tem buscado manter uma alavancagem baixa e restringir a distribuição de dividendos para garantir fôlego financeiro para a expansão da companhia.
Segundo relatório de crédito da Fitch Ratings, a alavancagem do grupo em junho de 2020 era de 1,4 vez da dívida líquida ajustada pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). A agência considera o perfil financeiro da companhia como forte.
Além da joint venture no Rio, a Águas do Brasil tem outras treze concessões de saneamento, concentradas no Sudeste do país. O contrato mais recente foi firmado no ano passado, uma operação em Paraíba do Sul (RJ). A cidade é pequena, com cerca de 44 mil habitantes, mas esse perfil de concessão também deverá continuar no radar do grupo, diz Lima.
Em 2020, a companhia chegou a se preparar para participar de leilões de saneamento nas cidades de Orlândia (SP) e Petrolina (PE), mas os dois processos foram suspensos – ainda sem perspectiva de retomada.