Paranapanema faz acordo sobre dívida com Scotiabank

FONTE: Valor Econômico

Credor de R$ 174,4 milhões, banco canadense concordou em suspender pedido de falência após empresa apresentar novas condições para pagar dívida

Em um esforço para destravar as negociações da reestruturação de sua dívida com vários credores financeiros, desde o início da semana passada, a Paranapanema e o banco Scotiabank Brasil chegaram a um acordo no fim da tarde de quinta-feira. Com isso, a instituição financeira concordou em suspender o pedido de falência aberto contra a empresa no início de dezembro em razão de uma dívida vencida desde agosto no valor de R$ 174,4 milhões.

O acordo, conforme apurou o Valor, foi obtido após reuniões entre o presidente da fabricante brasileira de produtos de cobre e o CEO da subsidiária do banco canadense no país. A empresa apresentou novas bases para repactuação da dívida, dentro de um pacote que está sendo negociado com outros nove credores financeiros da companhia.

A melhora nas condições de renegociação da dívida, que atenderam ao pleito do Scotiabank, foi estendida também a todo o grupo de credores, informou uma fonte ao Valor. O objetivo foi contemplar a todos dentro do processo de reperfilamento do endividamento da empresa.

O total da dívida que está sendo reestruturada com os credores financeiros desde março, incluindo o Scotiabank, é de US$ 510 milhões (R$ 2,65 bilhões pela cotação do dólar de quinta-feira).

Os demais credores da Paranapanema são Bradesco, Banco do Brasil e Caixa – que têm juntos a receber cerca de US$ 160 milhões -, Cargill Finance (em torno de US$ 150 milhões), o chinês CCB, Sumitomo, BNP e ING. Caixa e Cargill são também acionistas da companhia, com 16% e 7% do capital, respectivamente.

O valor do crédito do Scotiabank representa US$ 33,5 milhões – quase 7% do total.

A situação da empresa, que tem operações na Bahia, Espírito Santo e São Paulo, se complicou quando o Scotiabank deixou as negociações há cerca de um mês, insatisfeito com formato e condições de alongamento que foram apresentados pela Paranapanema durante as tratativas. Por isso, na noite de 3 de dezembro, o banco decidiu pedir a falência.

O pedido foi protocolado na 1 Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1 Região Administrativa Judiciária do Estado de São Paulo. O crédito do banco canadense a receber da fabricante de cobre se refere a cinco operações de adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACCs), vencidas entre 23 de março e meados de agosto.

Na semana seguinte, a empresa obteve uma liminar (tutela antecipada) na Justiça da Comarca de Santo André (SP), a qual suspendeu todos os protestos em cartórios feitos pelo Scotiabank, necessários para o pedido de falência. Com isso, segundo explicou uma fonte a par do caso, o pedido do banco perdeu sua eficácia.

De qualquer forma, a Paranapanema buscou entendimentos com o banco, pois considerava que era importante a suspensão, pela próprio instituição, do processo de falência da companhia. A empresa também considerava fundamental a sua volta à mesa de negociações, para que se avançasse, de forma conjunta, o acordo de repactuação de toda a dívida, dentro de novas bases, contemplando todos os credores.

Procurada, a empresa confirmou o avanço das negociações com o banco e o grupo de credores. Também procurado, o advogado do Scotiabank, Ricardo Amorim, não retornos os contatos.

O pagamento da dívida da Paranapanema está suspenso desde março. Na época, ciente de que não teria geração de caixa suficiente para honrar R$ 600 milhões até setembro, a empresa reuniu-se com seus principais credores e firmou um acordo de “standstill” – no jargão do mercado, adiamento dos pagamentos do principal e juros. Ao mesmo tempo passou a negociar com todos um novo prazo, em novas condições, para quitar os compromissos financeiros.

O objetivo da companhia, antes do impasse com o Scotiabank, era concluir a reestruturação dos US$ 510 milhões até o final de 2020. Porém, agora, com as novas condições, o memorando de entendimentos com cada credor poderá gerar um atraso na operação e avançar janeiro adentro.