Klabin vê próximos dez anos “tão promissores” quanto a última década
FONTE: Valor Econômico
Cristiano Teixeira destacou que a companhia está sabendo lidar com as novas formas de comércio e canais de varejo
Diante dos efeitos da pandemia de covid-19, a capacidade de flexibilidade da Klabin mostrou-se uma grande geradora de valor e os próximos dez anos serão tão promissores quanto foi a última década, disse nesta sexta-feira o diretor-geral da companhia, Cristiano Teixeira.
“O modelo de negócios deixa claro que, nos negócios em que está inserida, a Klabin consegue desempenhar um bom papel”, afirmou, no “Klabin Day”. O executivo destacou ainda que a companhia está sabendo lidar com as novas formas de comércio e canais de varejo, e vai buscar ser protagonista no segmento de comércio eletrônico.
Nos últimos dez anos, comentou o diretor financeiro e de relações com investidores da Klabin, Marcos Ivo, a capacidade produtiva da companhia dobrou, a receita líquida foi multiplicada por três — para R$ 11,4 bilhões nos últimos 12 meses — e o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) quintuplicou, chegando a R$ 4,6 bilhões em 12 meses até setembro. “Na última década, a Klabin teve crescimento com retorno, associado a baixa volatilidade. Desde 2009, a Klabin eleva seu Ebitda anual, sem exceção até agora”, comentou o executivo.
De acordo com o diretor do negócio de papéis da Klabin, Flavio Deganutti, cerca de 50% da capacidade produtiva da primeira máquina de projeto Puma II, que não será integrada a embalagens da própria companhia, já está vendida. A máquina 27 produzirá o Eukaliner, primeiro papel kraftliner do mundo com 100% de celulose de eucalipto e entrará em operação em julho, com produção inicial de 450 mil toneladas por ano.
“Já temos um plano de vendas estabelecido [para o Eukaliner], que mira países da América Central, a costa do Pacífico da América do Sul, grandes produtores de frutas e outros produtos agropecuários. Também estamos olhando o sul da Europa e Ásia”, disse o executivo.
A capacidade de produção na máquina poderá chegar a 465 mil toneladas, tanto do kraftliner branco quanto do marrom. Conforme Deganutti, o uso de 100% da fibra de eucalipto reduz a gramatura das embalagens em média em 10% e permite empilhamento, entre outras características já testadas. “É um produto que deve interessar aos grandes produtores de fruta, aqueles que valorizam produtos leves e impressão”, afirmou.
Segundo o diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Negócio Celulose da Klabin, Francisco Razzolini, o início da pandemia de covid-19 no país afetou o cronograma desse projeto, atrasando em 70 dias o início de operação. A previsão, agora, é de partida em 15 de julho. “Neste momento, 69% das obras do projeto já estão concluídas” comentou.
Ainda sobre a segunda máquina do projeto Puma II, Ivo afirmou que a companhia segue estudando se construirá uma máquina de kraftliner ou de cartões. Essa decisão deve ser tomada na segunda metade do primeiro trimestre para que o início de operação previsto para maior de 2023 se confirme. “As duas alternativas apresentam hoje retorno melhor do que o esperado. A razão para a decisão é o limite de tempo para que o projeto não sofra atraso”, explicou.
Com o projeto Puma II já em execução, a Klabin já começou a estudar os próximos passos de crescimento e um dos alvos, neste momento, é a celulose fluff, usada em fraldas e absorventes higiênicos. “A Klabin será importante fornecedora de kraftliner relativamente a outros países. E também será fornecedora importante de celulose de fibra longa, via fluff, no futuro”, disse o diretor-geral.
Razzolini também afirmou que uma das 23 metas da companhia até 2030 é chegar a 92% de matriz energética renovável e 100% de toda a energia que for comprada terá de ser renovável. Além disso, a companhia pretende reduzir em 20% o consumo específico de água para fins industriais e zerar a destinação de resíduos para aterros sanitários. As 23 metas da companhia até 2030 foram lançadas hoje durante o Klabin Day.
Preços devem seguir em alta
De acordo com o diretor de embalagens da Klabin, Douglas Dalmasi, os preços das embalagens de papelão ondulado devem seguir em alta no país, diante da demanda aquecida e da pressão que determinadas matérias-primas, entre as quais as aparas, estão exercendo nos custos da indústria.
No caso específico da Klabin, esses aumentos devem ficar acima da inflação diante do repasse de custos e do enriquecimento do mix de vendas. “Você deve ver nossos preços maiores que a inflação no futuro, com ganho de rentabilidade”, disse.
No negócio de kraftliner, de acordo com Deganutti, a expectativa é de condições de mercado “benignas” em 2021. Nos Estados Unidos, que são responsáveis por grande parte do fluxo mundial desse tipo de papel, as taxas de ocupação já chegaram a 98%, o que tem influenciado os preços. “A demanda segue forte em vários destinos e, embora haja aumento da oferta, não será suficiente para atender à demanda”, disse o executivo.
Em relação à celulose de fibra curta, o diretor comercial de celulose da Klabin, Alexandre Nicolini, disse que há “uma série de condições” que leva a companhia a acreditar em um ambiente de retomada gradual e firme do mercado entre o fim deste ano e o primeiro trimestre.
“Esse é o segundo aumento da fibra de eucalipto na China e acreditamos que será implementado”, afirmou o executivo, acrescentando que os preços da fibra devem subir também na Europa e na América do Norte no ano que vem. “Com a postergação do projeto Mapa da Arauco, 2021 deve ser um ano muito melhor do que 2020”, afirmou.
Ativos da IP
A compra dos ativos de embalagem da International Paper (IP) no Brasil adiciona R$ 1 bilhão às receitas da Klabin, ou um crescimento de quase 10%, disse Dalmasi. O negócio também fortalece a presença da empresa no Sudeste e na região de Manaus e marca a entrada com operação própria no Centro-Oeste.
A Klabin assumiu as operações de embalagem da IP em 14 de outubro e, conforme o executivo, o processo de integração foi rápido e bem sucedido. A aquisição custou menos do que outras compras realizadas pela Klabin nesse mercado. Considerando-se a venda da fábrica de Nova Campina, ficou em R$ 400 por tonelada, frente a até R$ 3 mil por tonelada em outras transações. A compra consolida a Klabin como líder em embalagens de papelão ondulado no país, com fatia de 24%.
O executivo comentou ainda que o marketplace de embalagens da companhia já conta com 170 produtos, 1,2 mil clientes e 300 mil visitantes únicos.
Fim do pagamento de royalties
O processo que culminou no fim de pagamento de royalties aos controladores foi rico em termos de evolução do relacionamento da Klabin com seus investidores e a visão estratégica de controle é determinante para a crescimento da empresa, o que é internamente valorizado, disse Cristiano Teixeira.
“A Klabin teve a oportunidade de discutir amplamente o contrato [de licenciamento de marcas] e fica bastante satisfeita com a resolução da assembleia, que mostrou o nível de apoio da companhia”, afirmou o executivo, após ser questionado sobre os próximos passos de melhoria da governança da companhia. “Daqui para a frente, sou relativamente combativo a esse tema dizendo que a Klabin tem uma governança extraordinária”, acrescentou.