Gerdau avança em novos negócios com Brasil ao Cubo

FONTE: Valor Econômico

Grupo faz aporte de R$ 60 milhões e assume 33% da empresa de construção metálica modular off-site de SC, que ficará debaixo do guarda-chuva da Gerdau Next

Em seu plano de formatar uma nova unidade de negócios, com operações fora da produção de aço e abrigada sob a bandeira Gerdau Next, o grupo Gerdau acaba de adquirir 33,3% do capital da Brasil ao Cubo, empresa de Santa Catarina especializada em construção modular off-site em estrutura metálica. Um exemplo desse tipo obra são os dois hospitais de campanha construídos em São Paulo e em Porto Alegre, no prazo de 30 dias, para atendimento de pessoas com covid-19.

O investimento, na forma de injeção de capital na Brasil ao Cubo, fundada em 2016 pelo engenheiro e empresário Ricardo Mateus e outros sócios, é de R$ 60 milhões. A empresa tem unidade fabril na cidade de Tubarão e conta com cerca de 300 funcionários.

A Gerdau Next foi idealizada em 2019, no plano de longo prazo do grupo, para reunir os novos negócios

Pelo acordo, a Gerdau garantiu um terço do capital e a indicação de dois membros no conselho de administração. “Os recursos são voltados para acelerar o plano de crescimento da Brasil ao Cubo”, disse ao Valor o vice-residente de novos negócios da Gerdau, Juliano Prado.

A fabricante catarinense tem receita anual de R$ 150 milhões e conta com uma carteira de pedidos, no momento, de R$ 230 milhões. “A tendência de crescimento no mercado da chamada construtech é enorme, da ordem de R$ 150 bilhões; por isso nossa aposta na Brasil ao Cubo”, disse Prado.

Segundo o executivo, que chegou ao grupo há três meses para comandar a nova área e será um dos dois conselheiros, os sócios já estão trabalhando no plano de expansão da empresa. Com os recursos aportados pela Gerdau, já se estuda a instalação de nova fábrica no país, em uma região ainda a ser definida para abrigar a unidade, mais tecnológica e mais sustentável. A ideia, contando com o porte e o modelo de gestão da Gerdau, é se posicionar para ser um player de maior relevância nesse mercado.

Prado informa que a Brasil ao Cubo é uma das líderes no país na construção modular off-site. Todos os módulos são fabricados em um ainda a ser definida para abrigar a unidade, mais tecnológica e mais sustentável. A ideia, contando com o porte e o modelo de gestão da Gerdau, é se posicionar para ser um player de maior relevância nesse mercado.

Prado informa que a Brasil ao Cubo é uma das líderes no país na construção modular off-site. Todos os módulos são fabricados em um parque fabril e transportados em caminhões até o local da obra, onde toda a instalação em estrutura metálica é montada. “Há um ganho de quatro vezes no tempo de construção da obra, com mais eficiência e produtividade, orçamento mais assertivo, controle por computadorizado e reutilização de materiais.”

A Gerdau Next foi idealizada em 2019, no novo plano de longo prazo do grupo gaúcho, para reunir os novos negócios que começaram a ser criados há dois anos dentro da empresa. Prado foi escolhido para comandar essa divisão e a Gerdau Next, que têm a meta de gerar R$ 10 bilhões de receita anualizada ao final de 2030.

“Estamos preparando a Gerdau, que vai fazer 120 anos de fundação em janeiro, para buscar, no futuro, cada vez mais receitas de outras fontes que não o aço – como serviços e outros produtos fora da siderurgia”, disse Gustavo Werneck, presidente da companhia, na entrevista ao Valor. “No fim de 2019, sentimos que era a hora de criar a Gerdau Next, pois a construção civil, que cada vez mais avança para um modelo construtech, é vista como uma área que será grande geradora de negócios”, afirma.

Atualmente, a Gerdau Next já reúne a G2L, empresa de logística digital, que fatura R$ 200 milhões neste ano e prevê triplicar em 2021; a G2Base, que atua em fundações de edifícios residenciais e comerciais; a participação de 27,5% na Juntos Somos Mais (um canal de venda online e fidelidade no varejo de materiais de construção e dono do aplicativo Triider); projeto de desenvolvimento de grafeno para aplicação em aço voltado a peças automotivas; a Paris Venture, uma venture capital localizada no Vale do Silício, com orçamento de US$ 80 milhões (cinco anos) para acelerar startups e fazer aquisições e outros projetos em desenvolvimento, como manufatura aditiva.

Em setembro, também no guarda-chuva da Gerdau Next foi criada a Ventures Gerdau, uma aceleradora de startups. “A ideia é atrair empresas ligadas à inovação e no modelo construtech, buscando maior produtividade e novas tecnologias”, destacou Werneck. A aceleradora já conta com 236 empresas inscritas.

Na Gerdau Next, diz Prado, o time de profissionais atua em duas frentes: um grupo que olha aquisições e joint ventures e outro que busca desenvolver novos negócios, como foram G2L e G2Base.

Essa área, provavelmente em 2022 – admite Werneck -, já será oficializada, inclusive em balanço, como a quinta divisão de negócios da Gerdau – hoje são Aços Brasil, América do Norte, América Latina e Aços Especiais. Uma oferta pública de ações de uma ou mais empresas da Gerdau Next não é descartada no futuro. “Nossa meta, agora, é acelerar o portfólio de negócios”, diz. A divisão já tem receita anual da ordem de R$ 500 milhões.