Isolamento social muda perfil e quantidade do material reciclável coletado
FONTE: saneamentobasico.com.br
O isolamento social, que dura mais de dois meses, para tentar frear o avanço do coronavírus, impactou na coleta de materiais recicláveis e atividade das cooperativas, responsáveis por garantir renda a centenas de trabalhadores no ABC.
Houve, ainda, mudança de perfil dos resíduos, com mais embalagens de alimentos pré-preparados e caixas de comida entregues por serviços de delivery.
O primeiro impacto na coleta foi a parada do serviço logo no início das medidas de isolamento social. Outra situação foi o afastamento de parte dos trabalhadores das cooperativas de grupos de risco. A coleta já foi retomada e a análise é diferente em cada cidade. Em algumas houve redução do volume recolhido, outras nada mudou e São Caetano teve aumento na coleta de recicláveis.
Segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), na cidade onde houve redução de uma forma geral de resíduos coletados, secos (recicláveis) e úmidos (orgânicos). Em abril de 2019 foram coletadas 19,4 mil toneladas de lixo úmido e 681 toneladas de secos; este ano, no mesmo mês, o volume caiu para 17,8 mil toneladas e 681 toneladas, respectivamente. Segundo o diretor de resíduos sólidos da autarquia, Elídio Moreira, essa situação pode ser explicada pelo fechamento do comércio e de grandes geradores de resíduos.
Coleta Seletiva
Santo André ficou sem a coleta seletiva entre 16 de março e início de abril. Na cidade atuam duas cooperativas, onde trabalham 110 pessoas. De acordo com Moreira, uma mudança já salta aos olhos, os rejeitos misturados aos recicláveis diminuiu. O fato, diz, que demonstra que as pessoas têm separado melhor os resíduos. O rejeito é o lixo comum que vem misturado aos recicláveis, e antes da pandemia chegava a 45% do total, hoje caiu para 30%. De acordo com Moreira, o tipo de material triado nas cooperativas também mudou. “Agora vemos um volume maior de embalagens pequenas, como potes de iogurte e embalagens de delivery, como caixas de pizza e de lanches e aquelas ‘quentinhas’”, afirma.
Outra mudança na coleta seletiva do Semasa, com a pandemia, é o destino do material recolhido nos hospitais. “Nem todo o resíduo hospitalar é infectante, de acordo com as normas tem coisas que não são como o frasco do soro, por exemplo, que pode ser reciclado, mas por precaução, fazemos a coleta, mas esse material não vai para a reciclagem, mas para o aterro. Isso é para evitar qualquer tipo de contaminação”, conta.
Mauá
Outra cidade que registrou redução no volume de recicláveis coletados é Mauá. Mensalmente são coletadas 70 toneladas, no entanto, a quantidade diminuiu durante a quarentena, com 20 toneladas a menos, segundo a Prefeitura. O município conta com coleta seletiva, no sistema de porta a porta, que atende alguns bairros semanalmente. Também são atendidas as empresas do Polo Petroquímico, condomínios, escolas estaduais, escolas municipais, Cras (Centro de Referência de Assistência Social), parques, ecopontos e demais secretarias. O município tem convênio com cooperativas de catadores, mas não informou quantos trabalham nas mesmas.
Em São Bernardo também houve impacto na coleta de recicláveis por conta da suspensão do serviço, mas a Prefeitura não informa quanto deixou de ser coletado no período. Por meio de nota, informa que o serviço de coleta seletiva é realizado porta a porta em 100% do município. Atualmente são recolhidas mil toneladas por mês de resíduos, o que representa atualmente 5% de todo o material coletado na cidade. Esse volume é entregue a duas centrais de triagem (Cooperluz e Reluz), onde cooperativas de catadores realizam a separação e venda destes materiais, que revertem em renda mensal a estes trabalhadores. O serviço ficou suspenso entre os dias 13 de abril e 14 de maio, devido à paralisação temporária das atividades das centrais de triagem, o que impactou o volume coletado no período da quarentena.
Diadema e Ribeirão
Em Diadema e Ribeirão Pires, o volume de resíduos secos coletados na pandemia se manteve igual. Na primeira, a média é de 150 toneladas por mês. A cidade conta com duas cooperativas conveniadas, que empregam 36 pessoas e estas retiram materiais nos maiores geradores de resíduos. Diadema ainda conta com sete Ecopontos, que recebem entulho e recicláveis.
Ribeirão processa 20 toneladas de recicláveis por mês, por meio da Cooperpires, que faz a coleta nos bairros semanalmente. “O retorno financeiro obtido pela coleta é destinado integralmente aos cooperados. A coleta reúne materiais que são direcionados para um galpão de triagem, onde o material é separado, prensado e comercializado pelos cooperados. Os munícipes que precisarem do serviço de coleta devem fazer o agendamento no setor de reciclagem da Secretaria de Meio Ambiente, pelo telefone 4828-9800, opção 5”, informa a Prefeitura.
São Caetano registra maior demanda
São Caetano foi a única cidade onde o volume de recicláveis aumentou. São 20 toneladas a mais desde o início das medidas de isolamento social. O Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), que coordena a coleta seletiva, atende 100% da cidade, de porta em porta, sendo que os moradores recebem sacos diferenciados para os resíduos secos e os condomínios, big bags.
Uma cooperativa de catadores trabalha na separação dos materiais no Centro de Triagem de Coleta Seletiva, no bairro Prosperidade, onde os cooperados separam os resíduos e acondicionam em fardos para geração de renda. Por mês são coletadas, em média, 200 toneladas de recicláveis na cidade.