Energia que vem da luz do sol
FONTE: Canal Energia
Mesmo com a pandemia , a produção de energia solar continua em alta no país: em maio, cresceu 5,2% em relação a abril
Que a luz do sol é capaz de gerar eletricidade de modo eficiente, seguro e limpo, sem emitir gases, ruídos e resíduos, não há mais quem duvide em pleno século 21. Mas o senso comum ainda alimenta a ideia de que a energia solar não tem viabilidade econômica, sobretudo em pequena escala. A redução progressiva de preços vem provando, porém, que essa é uma alternativa energética que pode servir a empresas e residências, com ganhos de médio e longo prazo em relação ao uso de fontes convencionais.
A produção de energia fotovoltaica a partir da luz solar é autorizada aos consumidores empresariais e domiciliares desde 2012. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também instituiu, na regulamentação, a pequena geração distribuída, com a qual o produtor pode fornecer sobras de eletricidade à rede da concessionária de sua região. Em troca, recebe créditos de energia, que, no caso da geração solar, pode ser usada quando a produção for menor que o consumo, à noite ou em dias de chuva.
Oito anos depois do sinal verde, cerca de 300 mil sistemas de geração distribuída (GD) estão conectados às redes das companhias elétricas, de acordo com Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). A potência instalada desses sistemas (micro e mini) chega a quase 3GW (Gigawatts), suficientes para abastecer 1,2 milhão de moradias. Somadas as usinas comerciais, a capacidade nacional de geração solar beira 6GW (três vezes mais que a da geração nuclear), num cenário em que o preço de produção já caiu a um quinto do valor de 2013.
Mesmo com a pandemia de covid-19, a produção de energia solar continua em alta, segundo a Absolar. Em maio, a instalação de sistemas solares de GD cresceu 5,2% em relação ao número de abril, dando curso a uma escalada que acumula aportes de R$ 14,6 bilhões nesse tipo de geração desde 2012. A associação prevê que o segmento seguirá em expansão nos próximos anos – perspectiva que abre oportunidades em várias frentes da cadeia de produção, incluídas empresas de representação de fabricantes e de instalação de sistemas.
TAMANHO E CAPACIDADE
A geração fotovoltaica emprega painéis em que átomos de silício reagem à radiação solar, produzindo energia de corrente contínua, convertida em alternada para o uso. Com preços condicionados pelo tamanho e capacidade, os sistemas de GD exigem não só área livre e ensolarada para os painéis, mas também nível de consumo que justifique o investimento. “Ideal é que seja de 300 quilowatts (KW) para cima”, avalia Reinaldo von Dollinger, sócio da Seven Energia, uma das instaladoras do estado do Rio de Janeiro. Além da economia no médio e longo prazo, característica oportuna em face da expectativa de aumento das contas após o socorro às companhias pretendido pelo governo, a oferta de crédito especial para sistemas solares, em vários bancos, favorece essa tecnologia. Para uma família de quatro pessoas, com conta de R$ 500 por mês, von Dollinger estima que um sistema de 450 KW sairia por R$ 23 mil. Financiados em 72 meses, teriam parcelas mensais na faixa de R$ 430, enquanto a conta, no valor mínimo, cairia a R$ 110. Em 30 anos, ele prevê, a redução somaria mais de 140 mil em economia.
Em uma padaria de médio porte com gasto de eletricidade no patamar de R$ 11 mil, um sistema de 9.900 KW, ao custo de R$ 359 mil, pode ser amortizado em 72 parcelas de R$ 7,2 mil, dá outro exemplo o sócio da Seven Energia, sediada em Teresópolis (Região Serrana).
O retorno viria em 27 meses e a economia em 30 anos chegaria a R$ 4 milhões, já que, após o pagamento do empréstimo, seria cobrada apenas a conta mínima mensal de $ 130 pela concessionária local. Para quem pode pagar à vista, o ganho mensal imediato será de quase R$ 10,9 mil.
O potencial de economia da energia solar motivou Aurimar Gomes de Araújo, dos Sorvetes Bomky, de Duque de Caxias, há 32 anos no negócio, a contratar há oito meses a instalação de um sistema de GD, por R$ 230 mil. Ele estava inconformado com o valor das contas de energia convencional, que no verão chegou a R$ 23 mil mensais, e decidiu investir para ter “alívio” quando terminar de pagar as 42 parcelas de R$ 7 mil da instalação.