Sobreoferta resistente aumenta especulação de petróleo armazenado em navios
FONTE: Portos & Navios
O cenário de preços baixos e a consequente sobreoferta vão fazer com que, nos próximos meses, ainda haja procura por estoques de petróleo em navios-tanque no mundo inteiro. A avaliação é que a economia, que não terminou de desacelerar, e os cortes na produção mundial ainda não foram suficientes para reduzir essa sobreoferta na velocidade que o mercado gostaria. Analistas apontam que a principal diferença desse ambiente em relação às crises anteriores é que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) trouxe impacto mais descentralizado às economias mundiais, afetando drasticamente o consumo como um todo.
Para o professor de Relações Internacionais da ESPM-SP, Gunther Rudzit, não deve haver mudanças tão significativas nesse setor nos próximos meses, principalmente no que é produzido nos países exportadores sem mercado interno. “Mesmo que haja aumento da produção de novos reservatórios, ao mesmo tempo em que se acelere a diminuição da produção do shale gas (gás de xisto), ainda haverá nos próximos meses — arrisco dizer pelo restante do ano — essa dificuldade de se conseguir estocar petróleo e seus derivados”, disse.
Nas últimas semanas, circulam nas redes sociais capturas de tela extraídas de ferramentas de tráfego marítimo indicando uma grande quantidade de navios que estariam carregados com petróleo aguardando o fim dessa sobreoferta da commodity. A assessora estratégica na Fundação Getúlio Vargas (FGV Energia), Fernanda Delgado, ressaltou que essas imagens compartilhadas necessitam de uma leitura cuidadosa e análise crítica porque nem todos são navios-tanque cheios de petróleo aguardando para descarregar. Também há, por exemplo, cargas de derivados e outros tipos de navios que aparecem nos mapas virtuais, como cruzeiros na região do Caribe sem se deslocar em razão da pandemia.